Policlínica da UERJ é a unidade de saúde pública que mais realiza infusões no estado

Com cerca de 50% da demanda estadual do SIA, os números da Policlínica refletem a inexistência de espaços de infusão

A Policlínica Universitária Piquet Carneiro (PPC), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), é a unidade de saúde pública que mais realiza infusões no estado, sendo responsável por cerca de 50% dos procedimentos contabilizados pelo SUS. Segundo os dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA), em todo o Rio de Janeiro, houve aproximadamente 7.000 atendimentos em terapia infusional em 2023, enquanto o Centro de Infusão e Terapia Biológica da PPC contabilizou 3.374 no mesmo período. Na infusão, medicamentos com alto risco de reação são injetados diretamente na veia, no músculo ou debaixo da pele para tratar doenças complexas e diversas. Quando feita em ambulatório, como é o caso da PPC, oferece maior segurança ao paciente porque o risco de haver alguma infecção é minimizado.

A concentração dos números na Policlínica da UERJ é um reflexo da inexistência de locais especializados no procedimento, sejam eles ambulatoriais ou hospitalares. Com exceção da PPC, apenas o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), que também pertence à UERJ, realiza o atendimento pelo SUS de forma substancial, com 32% das infusões públicas do estado em 2023 (2.244). Juntos, PPC e HUPE atendem à cerca de 82% da demanda estadual. Ambos ficam localizados na zona norte do município do Rio, nos bairros São Francisco Xavier e Vila Isabel respectivamente. O restante dos números está distribuído entre outras unidades, como o Hospital Escola Álvaro Alvim, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense do estado.

 

Gasto de tempo, dinheiro e saúde

Devido à carência de serviços semelhantes, os pacientes da Policlínica, por exemplo, percorrem longas distâncias para fazer a infusão e costumam levar, em média, uma hora e vinte minutos apenas para chegar à unidade, segundo dados coletados pela equipe do Centro de Infusão. Somando ida e volta, são gastos, pelo menos, duas horas e 40 minutos para realizar o procedimento. O trajeto total médio dos pacientes é de 50 quilômetros, podendo chegar aos 502km — é o caso de indivíduos que vêm de outros estados, como Minas Gerais.

“Quando a gente pensa nesses pacientes, a maior parte deles tem problemas crônicos, alguns utilizam imunossupressores ou são imunossuprimidos de alguma forma”, sinaliza a coordenadora do projeto “Ampliando o Acesso à Terapia Infusional e Biológica”, do Programa de Incentivo às Atividades Técnico-Administrativas (PROTEC/UERJ), Rachael Miranda. Para ela, o longo tempo em transporte público gasto por esses pacientes é um agravante à saúde, o que justifica a existência de outros espaços públicos de infusão.

Os benefícios de ampliar a terapia infusional, segundo Rachael, vão além do tratamento da doença, tendo um impacto ainda maior na qualidade de vida do paciente. No caso do ambulatório, gera uma economia de tempo, uma vez que permite “receber o tratamento e fazer a infusão em um único lugar, gastando um único dia, sem ter que se deslocar várias vezes para isso”, analisa a coordenadora.

O projeto da UERJ, por sua vez, permite que pacientes externos à Policlínica possam realizá-la gratuita e diretamente, bastando apenas entrar em contato com o serviço por meio do número de whatsApp (21) 99472-6402, desde que tenham o encaminhamento em mãos. Mais informações podem ser encontradas no site oficial da Policlínica.